terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Amando a Deus de todo o coração

Amor de Desejo

Esta forma de amor nos leva a ter sede e anseio por Deus. Era esse tipo de amor que Davi sentia quando disse: “Uma coisa pedi ao Senhor, e a buscarei: ...contemplar a formosura do Senhor, e inquirir no seu templo” (Sl 27.4). Outro salmista também sentiu a mesma coisa: “Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma” (Sl 42.1).
Há três tipos ou graus de sede espiritual: o primeiro é por perdão, o segundo é por pureza e o terceiro é pela plenitude do próprio Deus vivo. A fim de desejar Deus apropriadamente, o coração precisa estar em condições de apreciá-lo, de estar em união harmoniosa com ele e de desfrutar os diversos aspectos do seu caráter.
Sem dúvida, Daniel tinha esse amor de desejo por Deus num grau muito elevado. No texto em que o anjo diz que Daniel era um homem “mui amado” (Dn 9.23), o sentido original pode ser traduzido como “homem de desejo”. Em outras palavras, ele era um homem de intensos anseios por Deus. Ninguém pode ser um cristão sem ter fome no coração por Deus, no entanto, há inúmeras formas e graus desse desejo que variam de uma pessoa para outra.
É esse amor que atrai a pessoa para conhecer a Deus em suas três Pessoas divinas, para conhecê-lo em comunhão, e para encher-se de cada atributo e perfeição do caráter divino. Nada em toda a criação poderá satisfazer nossos espíritos imortais, a não ser o próprio Deus vivo. É essa doce dor da sede por Deus que nos puxa à oração secreta, a estudar a pessoa de Deus, a negligenciar outras coisas e considerá-las insignificantes, a fim de alcançar a luz do seu rosto e o fluir do seu Espírito.
É a intensidade do desejo por Deus que arranca o coração de mera religiosidade rotineira e o seduz para galgar os desfiladeiros da verdadeira santidade, com vistas ao repouso a ser desfrutado nos altos cumes das montanhas da graça, nos quais a alvorada desponta mais cedo, e a suave luz do entardecer perdura por mais tempo.
Que deslumbrante seria se nossos olhos pudessem penetrar toda a criação e ver como esse intenso desejo pela beleza de Deus se apodera de tantos corações, atraindo-os, em alguns casos com lentidão, em outros com muita rapidez, mas sempre com insistência e força certeira, puxando a todos. Com sua atração, leva as pessoas a atravessarem terra e mar, montanhas e vales, caminhos solitários e espinhosos, através de barreiras mil, para chegarem àquele bendito e maravilhoso dia em que poderão repousar enlevadas pela glória de Deus.
Todas as coisas sem Deus mais cedo ou mais tarde acabam nos enfadando. Somente ele é novo a cada dia e, para o coração apaixonado, é como se sempre fosse uma nova descoberta aos seus olhos.
5. Amor Solidário
Esse tipo de amor nos leva a apoiar os interesses de Deus e a ficarmos intensamente zelosos por sua honra e glória. A palavra grega traduzida por “solidariedade” significa “sofrer junto com”, sentir as injúrias e os males praticados contra outrem como se fosse contra nós mesmos. É esse amor solidário que sente de forma tão aguda os insultos a Deus feitos por pessoas ímpias ou por demônios. É esse tipo de amor que Davi sentia ardendo no seu coração quando declarou: “Não aborreço eu, Senhor, os que te aborrecem? ...aborreço-os com ódio consumado” (Sl 139.21,22).
É um amor que não suporta ouvir alguém tomando o nome de Deus em vão, negando ou ridicularizando sua Palavra, criticando ou desprezando seu maravilhoso caráter. É um amor que chora por causa da maneira como os homens ignoram Deus, deixando de amá-lo, agradecer-lhe, valorizá-lo e de confiar nele.
É esse tipo de amor que ardia como fornalha no coração dos reformadores quando se revestiam de zelo como de uma armadura e trovejavam contra injustiça na igreja ou no Estado, colocando suas vidas em risco. Preferiam morrer a ver seu amado Deus insultado e pisado pelos homens.
Era esse amor que ardia em Finéias quando reagiu com forte indignação contra os que insultavam a Deus e, tomando a lança, os matou (Nm 25.6-9). Deus o reconheceu, dizendo: “Isso lhe foi imputado por justiça, de geração em geração, para sempre” (Sl 106.28-31).
É esse tipo de amor que enxerga os interesses de Deus em todo lugar e que tem profunda sensibilidade pelos direitos e pela honra dele em todas as coisas. É esse ciúme quente e admirável pela glória de Deus que não suporta falsos Cristos ou falsos profetas. É um amor sempre alerta e atento que detecta falsa doutrina e grave infidelidade em lugares onde outros não vêem mal algum. É esse tipo de amor que produz heróis e mártires. Sempre sente profundo arrependimento pelo pecado e tristeza pela falta de amor a Deus. (Jornal Arauto)